Olá!
Trazemos aqui mais um número do nosso boletim. Comentamos sobre a história da Livraria Internacional, de Porto Alegre; o nosso processo de mudança; a situação de Alfredo Cospito na Itália e as últimas novidades do mês.
Ainda não está inscrito na newsletter? Inscreva-se e receba todos os boletins no seu email!
Bom proveito!
A Livraria Internacional
A série Lugares de Memória dos Trabalhadores publicou um texto para relembrar a Livraria Internacional. Fundada pelos anarquistas alemães Elisa Hedwig e Frederico Kniestedt em 1925 em Porto Alegre, o espaço teve importante função de tornar acessíveis livros, jornais e revistas anticapitalistas e antiautoritários. Contudo, sua função não parou aí: a livraria serviu de espaço de reunião de várias organizações operárias gaúchas e, na década de 1930, foi um dos centros de organização da luta contra o fascismo e o nazismo na região.
Recomendamos a leitura completa do texto para entender a longa tradição anarquista em criar espaços onde a luta pelo conhecimento não está separada da luta social.
A mudança de sede
“Quando um obstáculo obstrui um rio na montanha: as águas contidas se amontoam pouco a pouco, um lago se forma por lenta evolução, logo se produz uma infiltração no dique e o cair de uma pedra determinará um cataclismo. O obstáculo será levado violentamente e o lago voltará a ser rio. Assim se produzirá uma pequena revolução terrestre.”
- Élisée Reclus (1830-1905)
Utilizando elementos da natureza, Reclus ilustra o seu pensamento sobre a passagem do tempo. Em particular, sobre como as evoluções, entendidas como processo acumulativos, desembocam nas revoluções, isto é, nas rupturas. Por sua vez, tais rupturas reorganizam as forças em um novo equilíbrio, gerando um novo processo acumulativo, ou seja, um novo ciclo de evolução e revolução.
Um pensamento sobre a passagem do tempo que se adequa às revoluções sociais mas também, como diria Reclus, a uma “pequena revolução terrestre”. Visão que se encaixa no momento do nosso coletivo: depois de mais de doze anos no mesmo espaço, a Biblioteca Terra Livre mudará de sede.
Nosso histórico remonta ao ano de 2009, quando a biblioteca foi fundada no dia 31 de maio. Nossa primeira sede foi o Espaço Ay Carmela, na Sé, centro de São Paulo. O site do espaço se perdeu nos servidores digitais, mas parte das atividades que rolavam ainda podem ser vistas, para se ter uma ideia do que era o Ay Carmela. Dividíamos o espaço com outros coletivos, como o Movimento Passe Livre (MPL), o Fórum Centro Vivo e o Centro de Mídia Independente (CMI). A dinâmica do espaço trazia um ambiente político enriquecedor. Contudo, por causa de problemas estruturais do edifício, saímos do espaço no final de 2010, quando nos mudamos para a nossa atual sede.
Saímos de um espaço coletivo para uma pequena sala no bairro de Sumarezinho. Dada nossas economias escassas, a sala de 14m² foi o espaço onde nos organizamos. Foi lá que nos estruturamos e demos inícios a atividades internas, como os grupos de estudos. Reunidos em torno de temas de interesse em comum, indo desde educação até cinema, passando também por história e movimento operário, além de eventos históricos como a Greve Geral de 1917.
Não eram apenas espaços de debate, mas também de encontros e de intercâmbio. Os grupos de estudos foram os primeiros passos para nossos trabalhos: editora, colóquios, cineclubes. E para a entrada de novos militantes no grupo de afinidades que gere o espaço.
Contudo, o acúmulo dos anos chegou ao ponto da sua inviabilidade. O espaço que gerou tanto movimento e circulação não atende mais às demandas do acervo, que cresceu enormemente nos últimos anos. Então, iniciamos a nossa pequena revolução terrestre e mudaremos de espaço. Retornaremos ao centro de São Paulo, agora no bairro da República.
Entendemos que a mudança de espaço insere-se em um equilíbrio de forças no qual o fascismo segue como força atuante e destacada na sociedade brasileira. Nós, como um coletivo de memória e difusão do anarquismo, entendemos como nosso papel travar diálogo e tecer relações com outros grupos que se voltam para o enfrentamento do fascismo. A via institucional, em sua gestão da destruição capitalista, não varreu os fascistas e nem tem possibilidades para tanto. O embate é no campo social, onde a luta de classes se desenrola.
Atualização sobre Alfredo Cospito
A greve de fome de Alfredo Cospito contra o regime carcerário abusivo segue em vigor. Como dito no último boletim, a Itália segue com sua tradição sádica de perseguição contra militantes que se opõe ao regime do capital e do Estado. Atualizamos a situação do caso no fio abaixo:
Antinomia #83: Luta contra o Novo Ensino Médio
A implementação do Novo Ensino Médio em todo o território ocupado pelo Estado brasileiro traz a tona os problemas deste novo modelo educacional. Por um lado, as escolas não têm recursos para implementar mudanças estruturais que seriam necessárias para garantir o mínimo de qualidade do ensino; por outro, professores sobrecarregados com disciplinas cada vez mais distantes de sua formação e sem acesso a um processo de participação efetiva na elaboração dos cursos e projetos pedagógicos. No meio disso estão estudantes sendo massacrados por esse modelo neoliberal, que promove um conhecimento cada vez menos científico e mal estruturado. A piada de mal gosto que organiza tudo isso é a apropriação dos conceitos libertários como Educação Integral, Autonomia e Autogestão pelo discurso dos gestores do capital. O que fazer? Conversamos sobre o tema no último episódio de Antinomia:
E mais Leituras Libertárias!
No último mês, trouxemos novos episódios do Leituras Libertárias. A proposta do programa é trazer aos ouvintes textos curtos escritos por anarquistas, apresentando ideias e autores de maneira rápida. Segue abaixo os três últimos programas:
A tradução para o português do conto “Galinhas”, de Rafael Barrett, foi originalmente publicado no segundo número da Revista da Biblioteca Terra Livre e pode ser acessado aqui.
Se liga na atividade do CCS!
No próximo sábado (01/04), o grupo de estudos de Anarquismo, Feminismos e Masculinidades do Centro de Cultura Social vai ter como tema a seguinte discussão:
O evento será presencial. Para saber como participar, acesse aqui.